REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quarta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos
filhos e filhas,
para que, aproveitando
melhor as vossas graças,
obtenham de vossa paternal
bondade mais poderosos auxílios.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 12-19)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 12Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e
vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à
presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 13Isto vos acontecerá
para que vos sirva de testemunho. 14Gravai bem no vosso espírito de
não preparar vossa defesa, 15porque eu vos darei uma palavra cheia
de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos
adversários. 16Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos,
vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 17Sereis
odiados por todos por causa do meu nome. 18Entretanto, não se
perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19É pela vossa constância que
alcançareis a vossa salvação. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Lucas 21,12-19
* No
evangelho de hoje, que é a continuação do discurso iniciado ontem, Jesus
enumera mais um sinal para ajudar as comunidades a se situar dentro dos fatos e
não perder a fé em Deus nem a coragem de resistir contra as investidas do
império romano. Repetimos os primeiros cinco sinais do evangelho de ontem:
1º sinal: os falsos
messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e
revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará
contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em
vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e
sinais no céu (Lc 21,11).
Até aqui foi o evangelho de ontem. Agora, no evangelho
de hoje, mais um sinal:
6º sinal: a perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19)
* Lucas
21,12. O sexto sinal da perseguição.
Várias vezes, durante os poucos anos que passou entre nós, Jesus
tinha avisado aos discípulos que eles iam ser perseguidos. Aqui, no último
discurso, ele repete o mesmo aviso e faz saber que a perseguição deve ser levada
em conta no discernimento dos sinais dos tempos: "Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e
perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão
levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome”. E destes
acontecimentos, aparentemente tão negativos, Jesus tinha dito: “Não fiquem apavorados. Primeiro essas
coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." (Lc 21,9). E o
evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são "apenas o começo das dores de parto!" (Mc 13,8) Ora,
dores de parto, mesmo sendo muito dolorosas para a mãe, não são sinal de morte,
mas sim de vida! Não são motivo de medo, mas sim de esperança! Esta maneira de
ler os fatos trazia tranqüilidade para as comunidades perseguidas. Assim, lendo
ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus no ano 33, os leitores de Lucas
dos anos oitenta podiam concluir: "Todas estas coisas já estão acontecendo
conforme o plano previsto e anunciado por Jesus! Por tanto, a história não
escapou da mão de Deus! Deus está conosco!"
* Lucas
21,13-15: A missão dos cristãos em época de perseguição
A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser
motivo de desânimo ou de desespero, mas deve ser vista como uma oportunidade,
oferecida por Deus, para as comunidades realizarem a missão de testemunhar com
coragem a Boa Nova de Deus. Jesus diz: “Isso
acontecerá para que vocês dêem testemunho. Portanto, tirem da cabeça a idéia de
que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; porque eu lhes
darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá
resistir ou rebater vocês”. Por meio desta afirmação Jesus anima os
cristãos perseguidos que viviam angustiados. Ele faz saber que, mesmo
perseguidos, eles tinham uma missão a cumprir, a saber: testemunhar a Boa Nova
de Deus e, assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria
o povo a repetir o que diziam os magos do Egito diante dos sinais e da coragem
de Moisés e Aarão: “Aqui há o dedo de
Deus!” (Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se
tudo está nas mãos de Deus, se tudo já era previsto por Deus, se tudo não passa
de dor de parto, então não há motivo para ficarmos preocupados.
* Lucas
21,16-17: Perseguição até dentro da própria família
“E vocês serão entregues
até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns
de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome”. A perseguição não vinha só de fora, da parte do
império, mas também de dentro, da parte da própria família. Numa mesma família,
uns aceitavam a Boa Nova, outros não. O anúncio da Boa Nova provocava divisões
no interior das famílias. Havia até pessoas que, baseando-se na Lei de Deus,
chegavam a denunciar e matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores
de Jesus (Dt 13,7-12).
* Lucas
21,18-19: A fonte da esperança e da resistência
“Mas não perderão um
só fio de cabelo. É permanecendo
firmes que vocês irão ganhar a vida!" Esta observação final de
Jesus lembra a outra palavra que Jesus tinha dito: “nenhum cabelo vai cair da cabeça de vocês!” (Lc 21,18). Esta
comparação era um apelo forte a não perder a fé e a continuar firme na
comunidade. E confirma o que Jesus já tinha dito em outra ocasião: “Quem quiser
salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim,
esse a salvará” (Lc 9,24).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você costuma ler as etapas da história da sua
vida e do seu país?
2) Olhando a história da humanidade dos últimos 50
anos, a esperança aumentou em você, ou diminuiu?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação,
aos olhos dos povos revelou sua
justiça.
Lembrou-se do seu amor
e da sua
fidelidade à casa de Israel. (Sl 97, 2-3)
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