(LECTIO DIVINA)
Quinta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, que mostrais vosso poder
sobretudo no perdão e na misericórdia,
sobretudo no perdão e na misericórdia,
derramai sempre em nós a
vossa graça,
para que, caminhando ao
encontro das vossas promessas,
alcancemos os bens que nos
reservais.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho - (Lc 10,1-12)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo Lucas - 1Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e
dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as
cidades e lugares para onde ele tinha de ir. 2Disse-lhes: Grande é a
messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande
operários para a sua messe. 3Ide; eis que vos envio como cordeiros
entre lobos. 4Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém
saudeis pelo caminho. 5Em toda casa em que entrardes, dizei
primeiro: Paz a esta casa! 6Se ali houver algum homem pacífico,
repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós. 7Permanecei
na mesma casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o operário é digno do
seu salário. Não andeis de casa em casa. 8Em qualquer cidade em que
entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. 9Curai os
enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo. 10Mas
se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças,
dizei: 11Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra
vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo. 12Digo-vos:
naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. - Palavra da
salvação.
3) Reflexão
• Contexto. O capítulo 10 do qual o nosso texto é o começo, tem um
caráter de revelação. Em 9,51, é dito que Jesus "tomou a firme decisão de
começar uma viagem em direção a Jerusalém." Este caminho, expressão do seu
ser filial, é caracterizado por uma dupla ação: está intimamente unido ao “ser
tirado” de Jesus (v. 51), a sua "vinda", mediante o envio dos seus discípulos
(V. 52): há uma ligação no duplo movimento: " ser tirado do mundo"
para ir ao Pai, e ser enviado aos homens.
Na verdade, acontece
que, por vezes, o mensageiro não é aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a
ser "entregue", sem se deixar desanimar pela recusa dos homens
(9,54-55).
Três cenas curtas fazem o leitor a compreender o que
significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para ser retirado do mundo. Na
primeira cena é apresentado a um homem que quer seguir Jesus onde quer que vá;
Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona bem-estar e segurança.
Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu destino de nômade.
Na segunda cena é Jesus quem toma a iniciativa e chama
um homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede um tempo para cumprir com o
seu dever de enterrar o pai. A urgência de proclamar o reino supera esse dever:
a preocupação de enterrar os mortos é inútil, porque Jesus vai além das portas
da morte e o exige inclusive para aqueles que o seguem.
Finalmente na terceira cena é apresentado a um homem
que se oferece para seguir Jesus, mas apresenta uma condição: despedir-se antes
de seus pais. Entrar no reino não admite atrasos. Após esta tríplice renúncia,
a expressão de Lc 9,62: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino
de Deus." introduz o tema do capítulo 10.
• A dinâmica do
relato. O trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões
bastante densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e
à sua firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo
"designar": "designou
setenta e dois outros discípulos e mandou-os ..." (10,1), onde se especifica que os mandou
adiante de si, ou seja, com a mesma resolução que ele se encaminha para
Jerusalém.
As recomendações, que Jesus lhes dá antes do envio,
são um convite para estar cientes da realidade em que eles são enviados:
colheita abundante em contraste com o pequeno número de operários. O Senhor da
colheita chega com toda a sua força, mas a alegria desta chegada é dificultada
pelo pequeno número de operários. Daí o convite categórico à oração: "Rogai ao
Senhor da messe que mande operários para a sua messe" (v. 2). A iniciativa de enviar em missão é de
responsabilidade do Pai, mas Jesus transmite a ordem: "Ide", e, em
seguida, indica como seguir (vv. 4-11). Ela começa com o equipamento: sem
bolsa, nem alforje, nem sandálias. Estes elementos denotam a fragilidade
daquele que é enviado e a sua dependência da ajuda que recebe do Senhor e dos
habitantes da cidade.
As prescrições positivas são sintetizadas em primeiro
lugar na chegada à casa (vv. 5-7) e, em seguida, no êxito na cidade (vv. 8-11).
Em ambos os casos não se exclui a rejeição. A casa é o primeiro lugar onde os
missionários tem os primeiros intercâmbios, os primeiros relacionamentos,
valorizando os gestos humanos de comer, beber e descansar, como mediações
simples e comuns para comunicar o evangelho. A "paz" é o dom que precede a missão deles, ou seja,
a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria verdadeira e real é o sinal
que marca a chegada do Reino. Não é necessário buscar conforto, é essencial ser
acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o maior campo de missão: ali se
desenvolve a vida, a atividade política, a possibilidade de conversão, de
aceitação ou rejeição.
A este último aspecto se une o ato de sacudir a poeira
(vv. 10-11), como que se os discípulos, ao abandonar a cidade que os rejeitou, dissessem aos moradores que estes não aprenderam nada ou ainda poderia
expressar o corte de relações. Finalmente, Jesus lembra a culpa daquela cidade
que se fecha para a proclamação do evangelho (v. 12).
4) Para um confronto pessoal
1) Todos os dias, você é enviado pelo Senhor para anunciar o Evangelho aos seus
íntimos (a casa) e aos homens (da cidade). Você está assumindo um estilo pobre,
essencial, no testemunho de sua identidade como um cristão?
2) Você está ciente de que o sucesso de seu testemunho não depende de sua
capacidade individual, mas somente do Senhor que envia e da sua
disponibilidade?
5) Oração final
Foste tu que criaste minhas entranhas
e me teceste no seio de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste
maravilhoso;
são admiráveis as tuas obras.
(Sl 138, 13-14)
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