REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Terça-feira da 24ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, criador de todas as coisas,
volvei para nós o vosso olhar
e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor,
fazei que vos sirvamos de todo o coração.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 7,11-17)
11No
dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos
discípulos e muito povo. 12Ao chegar perto da porta da cidade, eis
que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a
muita gente da cidade. 13Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para
com ela, disse-lhe: Não chores! 14E aproximando-se, tocou no
esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno,
levanta-te. 15Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e
Jesus entregou-o à sua mãe. 16Apoderou-se de todos o temor, e
glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou
os olhos para o seu povo. 17A notícia deste fato correu por toda a
Judéia e por toda a circunvizinhança.
3) Reflexão Lucas
7,11-17
* O
evangelho de hoje traz o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim. É
esclarecedor o contexto literário deste episódio no capítulo 7 do Evangelho de
Lucas. O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo o caminho, revelando a
novidade de Deus que avança através do anúncio da Boa Nova. A transformação e a
abertura vão acontecendo: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc
7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). A maneira como Jesus
revela o Reino surpreende aos irmãos judeus que não estavam acostumados com tão
grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?”
(Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o
que querem!" (Lc 7,31-35). E no fim, a abertura de Jesus para com as
mulheres (Lc 7,36-50).
* Lucas 7,11-12: O
encontro das duas procissões
“Jesus foi para uma
cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. Quando
chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho
único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue
pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da
morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu filho único para o
cemitério; a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas
se encontram na pequena praça junto à porta da cidade de Naim.
* Lucas 7,13: A
compaixão entra em ação
“Ao vê-la, o Senhor
teve compaixão dela, e lhe disse: Não chore!" É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir.
Compaixão significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa,
identificar-se com ela, sentir com ela a dor. É a compaixão que aciona em Jesus
o poder, o poder da vida sobre a morte, poder criador.
* Lucas 7,14-15: "Jovem,
eu lhe ordeno, levante-se!"
Jesus se aproxima, toca no caixão e diz: "Jovem, eu lhe ordeno,
levante-se!" O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à
sua mãe”. Às vezes, na hora de um grande sofrimento provocado pelo
falecimento de uma pessoa querida, as pessoas dizem: “Naquele tempo, quando
Jesus andava pela terra havia esperança de não perder uma pessoa querida, pois
Jesus poderia ressuscitá-la”. Elas olham o episódio da ressurreição do filho da
viúva de Naim como um evento do passado que apenas suscita saudade e uma certa
inveja. A intenção do evangelho, porém, não é suscitar saudade nem inveja, mas
sim ajudar-nos a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nós. É o mesmo
Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte, que continua vivo no meio de
nós. Ele está hoje conosco e, diante dos problemas e do sofrimento que nos
abatem, ele nos diz: “Eu lhe ordeno: levante-se!”
* Lucas 7,16-17: A
repercussão
“Todos ficaram com
muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu
entre nós, e Deus veio visitar o seu povo." E a notícia do fato se
espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza” É o
profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que nos veio visitar é
o “Pai dos órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cf. Judite 9,11).
4) Para um confronto pessoal
1) Foi a compaixão que levou Jesus a
ressuscitar o filho da viúva. Será que o sofrimento dos outros provoca em nós a
mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida
nova?
2) Deus visitou o seu povo. Percebo as
muitas visitas de Deus na minha vida e na vida do povo?
5) Oração final
Aclamai o Senhor, por toda a terra.
Servi o Senhor com alegria.
Vinde, entrai exultantes em sua presença.
(Sl 99,1-2)
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