REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sexta-feira da 24ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, criador de todas as coisas,
volvei para nós o vosso olhar
e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor,
fazei que vos sirvamos de todo o coração.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 8,1-3)
1Depois
disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de
Deus. 2Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que
tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria,
chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; 3Joana, mulher
de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as
suas posses.
3) Reflexão
* O
evangelho de hoje dá continuidade ao episódio de ontem que falava da atitude
surpreendente de Jesus para com as mulheres, quando defendeu uma moça, conhecida
na cidade como pecadora, contra as críticas de um fariseu. Agora, no começo do
capítulo 8, Lucas descreve como Jesus andava pelos povoados e cidades da
Galiléia e a novidade é que ele era acompanhado não só por discípulos mas
também por discípulas.
* Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus
Numa única frase
Lucas descreve a situação: Jesus anda por toda a parte, pelos povoados e
cidades da Galiléia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com
ele. A expressão “seguir Jesus” (cf.
Mc 1,18; 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, vinte e
quatro horas por dia, procurando imitar o seu exemplo e participar do seu
destino.
* Lucas 8,2-3: As mulheres seguem Jesus
O surpreendente
é que, ao lado dos homens, há também mulheres “junto com Jesus”. Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé
de igualdade, pois ambos seguem Jesus. Lucas também conservou os nomes de
algumas destas discípulas: Maria Madalena, nascida na cidade de
Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era
governador da Galiléia. Suzana e
várias outras. Delas se afirma que “servem a Jesus com seus bens”. Jesus
permitia que um grupo de mulheres o “seguisse” (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). O
evangelho de Marcos, falando das mulheres no momento da morte de Jesus,
informa: “Aí estavam também algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas
estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset, e Salomé.
Elas haviam seguido e servido a Jesus, desde quando ele estava na Galiléia.
Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,40-41). Marcos define a atitude
delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém.
Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que
seguiam Jesus como fizeram com os doze discípulos. Mas pelas páginas do
evangelho de Lucas aparecem os nomes de sete discípulas: Maria Madalena, Joana,
mulher de Cuza, Suzana (Lc 8,3), Marta e Maria (Lc 10,38), Maria, mãe de Tiago
(Lc 24,10) e Ana, a profetisa (Lc 2,36), de oitenta e quatro anos de idade. O
número oitenta e quatro é doze vezes sete. A idade perfeita! A tradição
eclesiástica posterior não valorizou este dado do discipulado das mulheres com
o mesmo peso com que valorizou o seguimento de Jesus por parte dos homens. É
pena.
* O
Evangelho de Lucas sempre foi considerado o Evangelho das mulheres. De fato,
Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o
relacionamento de Jesus com as mulheres. E a novidade não está só na presença
delas ao redor de Jesus, mas também e sobretudo na atitude de Jesus em relação
a elas. Jesus as toca ou se deixa tocar por elas sem medo de se contaminar (Lc
7,39; 8,44-45.54). Diferente dos mestres da época, Jesus aceita mulheres como
seguidoras e discípulas (Lc 8,2-3; 10,39). A força libertadora de Deus, atuante
em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade (Lc 13,13). Jesus é
sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor (Lc 7,13). O
trabalho da mulher preparando alimento é visto por Jesus como sinal do Reino
(Lc 13,20-21). A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como
modelo de oração (Lc 18,1-8), e a viúva pobre que partilha seus poucos bens com
os outros como modelo de entrega e doação (Lc 21,1-4). Numa época em que o
testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres
como testemunhas da sua morte (Lc 23,49), sepultura (Lc 23,55-56) e
ressurreição (Lc 24,1-11.22-24)
4) Para um confronto pessoal
1) Na sua comunidade, no seu país, na sua Igreja, como
é a valorização da mulher?
2) Compare a atitude da nossa Igreja com a atitude de
Jesus.
5) Oração final
Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor;
inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz.
Mostrai a vossa admirável misericórdia,
vós que salvais dos adversários os que se acolhem à
vossa direita. (Sl 16)
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