REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sexta-feira da 18ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável
bondade
para com os vosso filhos que
vos imploram
e se gloriam de vos ter como
criador e guia,
restaurando para eles a
vossa criação, e conservando-a renovada.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 16,24-28)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo Mateus - Naquele tempo, 16,24Jesus
disse aos discípulos: 'Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a
sua cruz e me siga. 25Pois quem quiser salvar a sua vida vai
perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26De
fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? O que
poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá
na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo
com a sua conduta. 28Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão
aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com o seu Reino.' Palavra da Salvação.
3) Reflexão Mateus
16,24-28
* Os cinco versículos do evangelho de
hoje são a continuidade das palavras de Jesus a Pedro que meditamos ontem.
Jesus não esconde nem abranda as exigências do discipulado. Não permitiu que
Pedro tomasse a dianteira e o colocou no seu devido lugar: “Atrás de mim!” O evangelho de hoje explicita estas exigências para
todos nós;
* Mateus
16,24: Tome a sua cruz e siga-me
Jesus tira as
conclusões que valem até hoje: "Se alguém
quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga”. Naquele tempo, a
cruz era a pena de morte que o império romano impunha aos marginais e bandidos.
Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser
marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. A Cruz não é
fatalismo, nem é exigência do Pai. A Cruz é a conseqüência do compromisso
livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que,
portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por
causa deste anúncio revolucionário, Jesus foi perseguido e não teve medo de dar
a sua vida. Prova de amor maior não há,
que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). O testemunho de Paulo na carta aos
Gálatas mostra o alcance concreto de tudo isto: “Quanto
a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,
por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”. (Gal 6,14) E ele termina aludindo às cicatrizes das torturas que
sofreu: “De agora em diante ninguém mais
me moleste, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gal 6,17).
* Mateus
16,25-26: Quem perde a vida por causa de mim vai encontrá-la
Estes dois versículos explicitam valores
humanos universais que confirmam a experiência de muitos cristãos e não
cristãos. Salvar a vida, perder a vida, encontrar a vida. A experiência de
muitos ensina o seguinte: Quem vive atrás de bens e de riqueza, nunca fica
saciado. Quem se doa aos outros esquecendo-se a si mesmo, sente uma grande
felicidade. É a experiência das mães que se doam, e de tanta gente que não
pensa em si, mas nos outros. Muitos fazem e vivem assim quase por instinto,
como algo que vem do fundo da alma. Outros fazem assim, porque tiveram uma
experiência dolorosa de frustração que os levou a mudar de atitude. Jesus tem
razão em dizer: Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas,
quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. Importante é o
motivo: “por causa de mim”, ou como diz em outro lugar: “por causa do
Evangelho” (Mc 8,35). E ele termina: “Com
efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O
que um homem pode dar em troca da sua vida?” Esta última frase evoca o
salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “O homem não pode comprar seu próprio
resgate, nem pagar a Deus o preço de si mesmo. É tão caro o resgate da vida,
que nunca bastará para ele viver perpetuamente, sem nunca ver a cova”. (Sl 49,8-10).
* Mateus
16,27-28: O Filho do Homem retribuirá a cada uma conforme a sua conduta
Estes dois versículos se referem à esperança do
povo com relação à vinda do Filho do Homem no fim dos tempos como juiz da
humanidade, como é apresentado na visão do profeta Daniel (Dn 7,13-14). O
primeiro versículo diz: “O Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os
seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta” (Mt 16,27).
Nesta frase se fala da justiça do Juiz. Cada um vai receber conforme a sua
própria conduta. O segundo versículos diz: “Alguns daqueles que estão aqui, não morrerão sem
terem visto o Filho do Homem vindo com o seu Reino”. (Mt 16,28).
Esta frase é um aviso para ajudar a
perceber a vinda de Jesus como Juiz nos fatos da vida. Alguns achavam que Jesus
viria logo (1Ts 4,15-18). Jesus, de fato, veio e já estava presente nas
pessoas, sobretudo nos pobres. Mas eles não o percebiam. Jesus mesmo tinha
dito: “Aquela vez que você ajudou o pobre, o doente, o sem casa, o preso, o
peregrino, era eu!” (Mt 25,34-45)
4) Para um confronto pessoal
1. Quem perde a
vida vai ganhá-la. Qual a experiência que tenho neste ponto?
2. As palavras de
Paulo:“Quanto a mim, que eu não me
glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o
mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”. Tenho coragem de
repeti-las na minha vida?
5) Oração final
Celebrai comigo o Senhor,
exaltemos juntos o seu nome.
Busquei o Senhor e ele respondeu-me
e de todo temor me livrou. (Sl
33,4-5)
Nenhum comentário:
Postar um comentário