REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Segunda-feira da 19ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
a quem ousamos chamar de
Pai,
dai-nos cada vez mais um
coração de filhos
para alcançarmos um dia a
herança que prometestes.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 17,22-27)
22Quando estava reunido com os discípulos na Galiléia, Jesus lhes disse:
“O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, 23e eles o matarão, mas no terceiro
dia ressuscitará”. E os discípulos ficaram extremamente tristes.
24Quando chegaram a Cafarnaum, os que cobravam o imposto do templo
aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do templo?” 25Pedro respondeu: “Paga, sim!” Ao
entrar em casa, Jesus adiantou-se e perguntou: “Simão, que te parece: os reis
da terra cobram impostos ou tributos de quem, do próprio povo ou dos estranhos?”
26Ele respondeu: “Dos estranhos!” –
“Logo os filhos estão isentos”, retrucou Jesus, 27“mas, para não escandalizar essa gente, vai até o lago, lança o anzol e
abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda valendo
duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por mim e por ti”.
3) Reflexão Mateus
17,22-27
* Os cinco versículos do evangelho de
hoje falam de dois assuntos bem diferentes um do outro: 1) Trazem o segundo
anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Mt 17,22-23): 2) Informam sobre a conversa de Jesus
com Pedro sobre o pagamento das taxas e impostos ao templo (Mt 17,24-27).
* Mateus
17,22-23: O anúncio da morte e ressurreição de Jesus
O primeiro anúncio
(Mt 16,21) havia provocado uma forte reação da parte de Pedro que não quis
saber de sofrimento nem de cruz. Jesus tinha respondido com a mesma força: “Afasta-te de mim, satanás!” (Mt 16,23)
Aqui, no segundo anúncio, a reação dos discípulos é mais branda, menos
agressiva. O anúncio provoca tristeza. Parece que eles começam a compreender
que a cruz faz parte do caminho. A proximidade da morte e do sofrimento pesa
neles, gerando desânimo. Por mais que Jesus procurasse ajudá-los, a resistência
de séculos contra a idéia de um messias crucificado era maior.
* Mateus
17,24-25a: A pergunta dos fiscais do imposto a Pedro
Quando chegaram em
Cafarnaum, os fiscais do imposto do Templo perguntaram a Pedro: "O mestre de vocês não paga o imposto
do Templo?" Pedro
responde: “Paga sim!” Desde os tempos
de Neemias, (Séc V aC), os judeus que tinham voltado do cativeiro da Babilônia,
comprometeram-se solenemente em assembléia a pagar vários impostos e taxas para
poder manter funcionando o culto no Templo e para cuidar da manutenção tanto do
serviço sacerdotal como do prédio do Templo (Ne 10,33-40). Pelo que transparece
na resposta de Pedro, Jesus pagava este imposto como, aliás, todos os judeus
faziam.
* Mateus
17,25b-26: A pergunta de Jesus a Pedro sobre o imposto
É curiosa a
conversa entre Jesus e Pedro. Quando eles chegam em casa, Jesus pergunta: "O que é que você acha, Simão? De quem
os reis da terra recebem taxas ou impostos: dos filhos ou dos
estrangeiros?" Pedro respondeu: "Dos
estrangeiros!" Então Jesus disse: "Isso
quer dizer que os filhos não precisam pagar!” Provavelmente, aqui se
reflete uma discussão entre os judeus cristãos anterior à destruição do Templo
no ano 70. Eles se perguntavam se deviam ou não continuar a pagar o imposto do
Templo, como faziam antes. Pela resposta de Jesus, eles descobrem que não há
obrigação de pagar esse imposto: “Os
filhos não precisam pagar”. Os filhos são os cristãos. Mas mesmo não
havendo obrigação, a recomendação de Jesus é pagar para não provocar escândalo.
* Mateus
17,27: A conclusão da conversa sobre o pagamento do imposto
Mais curiosa do
que a conversa é a solução que Jesus dá à questão. Ele diz a Pedro: “Para não provocar escândalo, vá ao mar, e
jogue o anzol. Na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar uma
moeda de prata para pagar o imposto. Pegue-a, e pague por mim e por você".
Milagre curioso! Tão curioso como aquele dos 2000 porcos que se precipitaram no
mar (Mc 5,13). Qualquer que seja a interpretação deste fato miraculoso, esta
maneira de solucionar o problema sugere que se trata de um assunto que não tem
muita importância para Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) O sofrimento e
a cruz abateram e entristeceram os discípulos. Isto já aconteceu na sua vida?
2) Como você
entende o episódio da moeda encontrada na boca do peixe?
5) Oração final
Nos céus, louvai o Senhor,
louvai-o nas alturas do
firmamento.
Louvai-o, todos os seus anjos.
Louvai-o, todos os seus
exércitos. (Sl 148,1-2)
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