REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Terça-feira da 16ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, sede generoso para com os
vossos filhos e filhas
e multiplicai em nós os dons da vossa graça,
e multiplicai em nós os dons da vossa graça,
para que, repletos de fé,
esperança e caridade,
guardemos fielmente os
vossos mandamentos.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 12,46-50)
Naquele tempo, 46enquanto Jesus
falava à multidão, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora
procurando falar com ele. 47Disse-lhe alguém:
Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te. 48Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem
são meus irmãos? 49E, apontando com a
mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que
está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
3) Reflexão
• A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está.
Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe
estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus
irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus
discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que
está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta
deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.
• No antigo
Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da
convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da
posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a
maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no
amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.
• Na Galiléia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante
o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas
(4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar
impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia,
dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia freqüentes
ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os
soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da
sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias
necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por
exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais
sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc
7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de
marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos,
estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados,
paralíticos.
• E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que
as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse
manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos
limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande
família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou
agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem
são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse:
"Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai
que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe ". Criou comunidade.
• Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias
não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser
recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc
14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia:
"Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas
do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da
Galiléia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade,
como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.
4) Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade.
Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a
massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O
que estou fazendo para combater este mal?
5) Oração final
Cantarei ao Senhor,
porque ele manifestou sua glória.
Precipitou no mar cavalos
e cavaleiros.
O Senhor é a minha força
e o objeto do meu cântico;
foi ele quem me salvou.
Ele é o meu Deus – eu o
celebrarei;
o Deus de meu pai – eu o
exaltarei. (Ex 15,1-2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário