REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Quinta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça,
nos fizestes filhos da luz.
Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do
erro,
mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 1-8)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo Mateus - Naquele tempo, 1Jesus tomou de novo a barca, passou
o lago e foi para a sua cidade. 2Eis que lhe apresentaram um
paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao
paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados." 3Ouvindo
isto, alguns escribas murmuraram entre si: "Este homem blasfema." 4Jesus,
penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: "Por que pensais mal em
vossos corações? 5Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são
perdoados, ou: Levanta-te e anda? 6Vendo a multidão, ficou tomado de
compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. 7Levantou-se
aquele homem e foi para sua casa. 8Vendo isto, a multidão encheu-se
de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. - Palavra da
salvação.
3) Reflexão
* A solidariedade dos amigos consegue o perdão dos pecados
para o paralítico. Jesus está de volta em Cafarnaum. Juntou muita gente na
porta da casa. Chega um paralítico carregado por familiares e amigos. Jesus é a
única esperança deles. Jesus, vendo a fé deles,
diz ao paralítico: "Meu filho, coragem!
Teus pecados te são perdoados." Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos
(paralítico) fossem castigo de Deus por algum pecado. Os doutores ensinavam que
tal pessoa ficava impura e tornava-se incapaz de aproximar-se de Deus. Por
isso, os doentes, os pobres, os paralíticos, sentiam-se rejeitados por Deus!
Mas Jesus não pensava assim. Aquela fé tão grande era um sinal evidente de que
o paralítico estava sendo acolhido por Deus. Por isso, ele declarou: Teus
pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!” Com
esta afirmação Jesus negou que a paralisia fosse um castigo pelo pecado do
homem.
* Jesus é acusado de blasfêmia pelos donos do poder. A
afirmação de Jesus era contrária ao catecismo da época. Não combinava com a
idéia que eles tinham de Deus. Por isso, reagem e acusam Jesus: Ele
blasfema! Para eles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote
podia declarar alguém perdoado e purificado. Como é que Jesus, homem sem
estudo, leigo, simples carpinteiro, podia declarar as pessoas perdoadas e
purificadas dos pecados?
* Curando, Jesus prova que ele tem poder de perdoar os
pecados. Jesus percebeu a
crítica. Por isso, pergunta: O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão
perdoados!’ ou: ‘Levanta-te e anda!’? É muito mais fácil dizer: “Teus
pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se de fato o pecado foi
ou não foi perdoado. Mas se digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos podem
verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que tinha
o poder de perdoar os pecados em nome de Deus, Jesus disse ao paralítico: Levanta-te,
toma teu leito e vá para casa! Curou o homem! Assim através de um milagre
provou que a paralisia do homem não era um castigo de Deus, e mostrou que a fé
dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
* A mensagem do milagre e a reação do povo. O paralítico se levanta, pega seu
leito, começa a andar, e todos dizem: Nunca vimos coisa igual! (Mc 2,12) Este milagre revelou três
coisas muito importantes: 1) As doenças das pessoas não são castigo pelos pecados.
2) Jesus abre um novo caminho para chegar até Deus. Aquilo que o sistema
chamava de impureza já não era empecilho para as pessoas se aproximarem de
Deus. 3) O rosto de Deus revelado através da atitude de Jesus era diferente do
rosto severo do Deus revelado pela atitude dos doutores.
* Isto lembra a fala de um drogado que se recuperou e
agora participa de uma comunidade em Curitiba, Brasil. Ele disse: “Fui
criado na religião católica. Deixei de participar. Meus pais eram muito
praticantes e queriam que nós, os filhos, fôssemos como eles. A gente era
obrigada a ir à igreja sempre, todos os domingos e festas. E quando não ia,
eles diziam: "Deus castiga!” Eu ia a contragosto, e quando fiquei adulto,
fui deixando aos poucos. Eu não gostava do Deus dos meus pais. Não conseguia
entender como Deus, criador do mundo, ficasse em cima de mim, menino da roça,
ameaçando com castigo e inferno. Eu gostava mais do Deus do meu tio que não
pisava na igreja mas que, todos os dias, sem falta, comprava o dobro de pão, de
que ele mesmo precisava, para dar para os pobres!"
4) Para um confronto pessoal
1) Você
gostou do Deus do tio ou do Deus dos pais daquele ex-drogado?
2) Qual o
rosto de Deus que transparece para os outros através do meu comportamento?
5) Oração final
Povos todos, louvai o Senhor,
nações todas, dai-lhe glória;
porque forte é seu amor para conosco
e a fidelidade
do Senhor dura para
sempre. (Sl 116,1-2)
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