REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Senhor, nosso Deus,
dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de
conduzir
os que formais no vosso
amor.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 8,5-17)
Naquele tempo, 5entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a
ele e lhe fez esta súplica:6Senhor, meu servo está em casa, de cama,
paralítico, e sofre muito.7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.8Respondeu
o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma
só palavra e meu servo será curado.9Pois eu também sou um
subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a
outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz.10Ouvindo
isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não
encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.11Por isso, eu vos
declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino
dos céus com Abraão, Isaac e Jacó,12enquanto os filhos do Reino
serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.13Depois,
dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na
mesma hora o servo ficou curado.14Foi então Jesus à casa de Pedro,
cuja sogra estava de cama, com febre.15Tomou-lhe a mão, e a febre a
deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.16Pela tarde,
apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os
espíritos e curou todos os enfermos.17Assim se cumpriu a predição do
profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos
males.
3) Reflexão - Mt 8,5-17
* O evangelho de hoje dá seqüência à descrição das
atividades de Jesus para mostrar como ele praticava a Lei de Deus, proclamada
no Monte das Bem-aventuranças. Após a cura do leproso do evangelho de ontem (Mt
8,1-4), segue agora a descrição de várias outras curas:
* Mateus 8,5-7: O pedido do centurião e a
resposta de Jesus
Ao analisar os
textos do evangelho, sempre é bom prestar atenção nos pequenos detalhes. O
centurião é um pagão, um estrangeiro. Ele não pede nada, mas apenas informa a
Jesus que seu empregado está doente e que sofre horrivelmente. Atrás desta
atitude do povo frente à Jesus está a convicção de que não era necessário pedir as coisas a Jesus. Bastava
comunicar-lhe o problema. Ele, Jesus, faria o resto. Atitude de ilimitada
confiança! De fato, a reação de Jesus é imediata: “Vou com você para curar o seu empregado!”.
* Mateus 8,8: A reação do centurião
O centurião não
esperava um gesto tão imediata e tão generoso. Não esperava que Jesus fosse até
à casa dele. E a partir dá sua experiência como capitão tira um exemplo para
expressar a fé e a confiança que tinha em Jesus. Ele disse: "Senhor, eu não sou digno de que entres
em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. Pois eu
também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e
ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele
faz”. Esta reação de um estrangeiro diante de Jesus revela como era a
opinião do povo a respeito de Jesus. Jesus era alguém no qual eles podiam
confiar e que não rejeitaria quem a ele recorresse ou quem a ele revelasse seus
problemas. Esta é a imagem de Jesus que o evangelho de Mateus até hoje comunica
a nós, seus leitores e leitoras do século XXI
* Mateus 8,10-13: O comentário de Jesus
O oficial ficou
admirado com a reação de Jesus. Jesus ficou admirado com a reação do oficial: "Eu garanto a
vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!” E
Jesus previu o que já estava acontecendo na época em que Mateus escrevia o seu
evangelho: “Eu digo a vocês: muitos virão
do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com
Abraão, Isaac e Jacó. Enquanto os herdeiros do Reino serão jogados nas trevas
exteriores onde haverá choro e ranger de dentes." A mensagem de Jesus, a nova Lei de Deus
proclamada no alto da Montanha das Bem-aventuranças, é uma resposta aos desejos
mais profundos do coração humano. Os pagãos sinceros e honestos como o
centurião e tantos outros que virão do Oriente ou do Ocidente, percebem em
Jesus a resposta aos seus anseios e a acolhem. A mensagem de Jesus não é, em
primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de
normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração
humano deseja. Se hoje muitos se afastam da igreja ou procuram outras
religiões, a culpa nem sempre é deles, mas pode ser de nós que não sabemos
viver nem irradiar a mensagem de Jesus.
* Mateus 8,14-15: A cura da sogra de Pedro
Jesus entrou na
casa de Pedro e curou a sogra dele. Ela estava doente. Na segunda metade do
primeiro século, quando Mateus escreve, a expressão “Casa de Pedro” evocava a
Igreja, construída sobre a rocha que era Pedro. Jesus entra nesta casa e cura a
sogra de Pedro: “Jesus tocou a mão
dela, e a febre a deixou. Ela se levantou, e começou a servi-los”. O verbo usado em grego é diakonew, servir. Uma mulher
se torna diaconisa na Casa de Pedro.
Era o que estava acontecendo nas comunidades daquele tempo. Na carta aos Romanos,
Paulo menciona a diaconisa Febe da comunidade de Cencréia (Rm 16,1). Temos
muito a aprender dos primeiros cristãos
* Mateus 8,16-17: A realização da profecia de
Isaías
Mateus diz que “chegando a noite”, levaram a Jesus
muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Por que só à noite? É que no
evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou sua informação, tratava-se de um dia
de sábado (Mc 1,21), e o sábado terminava no momento em que aparecia a primeira
estrela no céu. Aí, o povo podia sair de casa, carregar peso e levar os doentes
até Jesus. E “Jesus, com a sua palavra,
expulsou os espíritos e curou todos os doentes! Usando um texto de Isaías, Mateus ilumina o significado deste
gesto de Jesus: “Para que se cumprisse o
que fora dito pelo profeta Isaías: "Ele tomou as nossas enfermidades e
carregou as nossas doenças." Deste modo, Mateus ensina que Jesus era o
Messias-Servo, anunciado por Isaías (Is 53,4; cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9;
52,13-53,12). Mateus fazia o que fazem hoje as nossas comunidades: usa a Bíblia
para iluminar e interpretar os acontecimentos e descobrir neles a presença da
palavra criadora de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1) Compara a imagem que você tem de Jesus com a do
centurião e do povo que andava atrás de Jesus.
2) A Boa Nova de Jesus
não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto
de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração
humano deseja. Como a Boa Nova de Jesus repercute em você, na sua vida e no seu
coração?
5) Oração final
Celebrai comigo o SENHOR,
exaltemos juntos o seu nome.
Busquei o SENHOR e ele respondeu-me
e de todo temor me livrou. (Sl
33,4-5)
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