23 de jun. de 2013

Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,
dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 8,5-17)

Naquele tempo, 5entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica:6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz.10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó,12enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.13Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado.14Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre.15Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.16Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.17Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males.

3) Reflexão  -  Mt 8,5-17
* O evangelho de hoje dá seqüência à descrição das atividades de Jesus para mostrar como ele praticava a Lei de Deus, proclamada no Monte das Bem-aventuranças. Após a cura do leproso do evangelho de ontem (Mt 8,1-4), segue agora a descrição de várias outras curas:
Mateus 8,5-7: O pedido do centurião e a resposta de Jesus
Ao analisar os textos do evangelho, sempre é bom prestar atenção nos pequenos detalhes. O centurião é um pagão, um estrangeiro. Ele não pede nada, mas apenas informa a Jesus que seu empregado está doente e que sofre horrivelmente. Atrás desta atitude do povo frente à Jesus está a convicção de que não era necessário pedir as coisas a Jesus. Bastava comunicar-lhe o problema. Ele, Jesus, faria o resto. Atitude de ilimitada confiança! De fato, a reação de Jesus é imediata: “Vou com você para curar o seu empregado!”.
Mateus 8,8: A reação do centurião
O centurião não esperava um gesto tão imediata e tão generoso. Não esperava que Jesus fosse até à casa dele. E a partir dá sua experiência como capitão tira um exemplo para expressar a fé e a confiança que tinha em Jesus. Ele disse: "Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz”. Esta reação de um estrangeiro diante de Jesus revela como era a opinião do povo a respeito de Jesus. Jesus era alguém no qual eles podiam confiar e que não rejeitaria quem a ele recorresse ou quem a ele revelasse seus problemas. Esta é a imagem de Jesus que o evangelho de Mateus até hoje comunica a nós, seus leitores e leitoras do século XXI
Mateus 8,10-13: O comentário de Jesus
O oficial ficou admirado com a reação de Jesus. Jesus ficou admirado com a reação do oficial: "Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!”  E Jesus previu o que já estava acontecendo na época em que Mateus escrevia o seu evangelho: “Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Enquanto os herdeiros do Reino serão jogados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes."  A mensagem de Jesus, a nova Lei de Deus proclamada no alto da Montanha das Bem-aventuranças, é uma resposta aos desejos mais profundos do coração humano. Os pagãos sinceros e honestos como o centurião e tantos outros que virão do Oriente ou do Ocidente, percebem em Jesus a resposta aos seus anseios e a acolhem. A mensagem de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Se hoje muitos se afastam da igreja ou procuram outras religiões, a culpa nem sempre é deles, mas pode ser de nós que não sabemos viver nem irradiar a mensagem de Jesus.
Mateus 8,14-15: A cura da sogra de Pedro 
Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. Ela estava doente. Na segunda metade do primeiro século, quando Mateus escreve, a expressão “Casa de Pedro” evocava a Igreja, construída sobre a rocha que era Pedro. Jesus entra nesta casa e cura a sogra de Pedro: Jesus tocou a mão dela, e a febre a deixou. Ela se levantou, e começou a servi-los”. O verbo usado em grego é diakonew, servir. Uma mulher se torna diaconisa na Casa de Pedro. Era o que estava acontecendo nas comunidades daquele tempo. Na carta aos Romanos, Paulo menciona a diaconisa Febe da comunidade de Cencréia (Rm 16,1). Temos muito a aprender dos primeiros cristãos
Mateus 8,16-17: A realização da profecia de Isaías
Mateus diz que “chegando a noite”, levaram a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Por que só à noite? É que no evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou sua informação, tratava-se de um dia de sábado (Mc 1,21), e o sábado terminava no momento em que aparecia a primeira estrela no céu. Aí, o povo podia sair de casa, carregar peso e levar os doentes até Jesus. E “Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes!  Usando um texto de Isaías, Mateus ilumina o significado deste gesto de Jesus: “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: "Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças." Deste modo, Mateus ensina que Jesus era o Messias-Servo, anunciado por Isaías (Is 53,4; cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Mateus fazia o que fazem hoje as nossas comunidades: usa a Bíblia para iluminar e interpretar os acontecimentos e descobrir neles a presença da palavra criadora de Deus.

4) Para um confronto pessoal
1) Compara a imagem que você tem de Jesus com a do centurião e do povo que andava atrás de Jesus.
2) A Boa Nova de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Como a Boa Nova de Jesus repercute em você, na sua vida e no seu coração?

5) Oração final

Celebrai comigo o SENHOR,
exaltemos juntos o seu nome.
Busquei o SENHOR e ele respondeu-me
e de todo temor me livrou. (Sl 33,4-5)




Sexta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Sexta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,
dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 8,1-4)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 1Tendo Jesus descido da montanha, uma grande multidão o seguiu. 2Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: Senhor, se queres, podes curar-me. 3Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero, sê curado. No mesmo instante, a lepra desapareceu. 4Jesus então lhe disse: Vê que não o digas a ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés em testemunho de tua cura.

3) Reflexão  -  Mt 8,1-4
*  Nos capítulos 5 a 7 ouvimos as palavras da nova Lei proclamada por Jesus no alto da Montanha. Agora, nos capítulos 8 e 9, Mateus mostra como Jesus praticava aquilo que acabava de ensinar. Nos evangelhos de hoje (Mt 8,1-4) e de amanhã (Mt 8,5-17), vamos ver de perto os seguintes episódios que revelam como Jesus praticava a lei: a cura de um leproso (Mt 8,1-4), a cura do servo do centurião romano (Mt 8,5-13), a cura da sogra de Pedro (Mt 8,14-15) e a cura de inúmeros doentes (Mt 8,14-17). 
Mateus 8,1-2: O leproso pede: “Senhor, basta querer para eu ser curado!”
Um leproso chega perto de Jesus. Era um excluído. Quem tocasse nele também ficava impuro! Por isso, os leprosos deviam viver afastados (Lv 13,45-46). Mas aquele leproso teve muita coragem. Ele transgrediu as normas da religião para poder entrar em contato com Jesus. Chegando perto, ele diz: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta o senhor querer para eu ficar curado!” Esta frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus.
Mateus 8,3: Jesus tocou nele e disse: Quero! Seja purificado
Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, antes de dizer qualquer palavra, ele toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Não tenho medo de ficar impuro tocando em você. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado!  O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um novo rosto de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso.
Mateus 8,4: Jesus manda o homem conversar com os sacerdotes
Naquele tempo, para um leproso poder ser readmitido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura confirmado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico de plantão. Jesus obrigou o fulano a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver. Reintegra a pessoa na convivência fraterna. O evangelho de Marcos acrescenta que o homem não se apresentou aos sacerdotes. Pelo contrário, “assim que partiu, (o leproso) começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos (Mc 1,45). Por que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade? É que ele tinha tocado no leproso e tornou-se impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época. Por isso, agora, o próprio Jesus era um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a Jesus! Subversão total! O recado que Marcos nos dá é este: para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que impedem a fraternidade e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus.
*  Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o anima por dentro! Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino. Ele mesmo é uma amostra, um testemunho vivo do Reino, uma revelação de Deus. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida.

4) Para um confronto pessoal
1) Em nome da Lei de Deus, os leprosos eram excluídos e não podiam conviver. Na nossa igreja existem costumes e normas não escritas que, até hoje, marginalizam pessoas e as excluem da convivência e da comunhão. Você conhece pessoas assim? Qual a sua opinião a respeito disso?
2) Jesus teve coragem de tocar no leproso. Você teria essa coragem?

5) Oração final
Bendirei o Senhor em todo tempo,
seu louvor estará sempre na minha boca.
Eu me glorio no Senhor,
ouçam os humildes e se alegrem. (Sl 33,2-3)



Quinta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Quinta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,
dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 7,21-29)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.

3) Reflexão  -  Mt 7,21-29
*  O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar
O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).
Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.
Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).
Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade
O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.
Comunidade: casa na rocha
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).

4) Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?

5) Oração final

Ajudai-nos, ó Deus salvador,
pela glória de vosso nome;
livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados
pelo amor de vosso nome. (Sl 78,9)



Quarta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Quarta-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,

dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 7,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:

15Cuidado com os falsos profetas:

Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha,

mas por dentro são lobos ferozes.

16Vós os conhecereis pelos seus frutos.

Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas?

17Assim, toda árvore boa produz frutos bons,

e toda árvore má, produz frutos maus.

18Uma árvore boa não pode dar frutos maus,

nem uma árvore má pode produzir frutos bons.

19Toda árvore que não dá bons frutosé cortada e jogada no fogo.

20Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis.


3) Reflexão -  Mt 7,15-20
*  Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
*  As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14:    Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20:  O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23:  Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27:  Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29:  A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nosso texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos.  19Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda.  O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)

4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?

5) Oração final

Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades,
faze-me viver no teu caminho.
Eis que desejo teus preceitos;
pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118,37.40)



Terça-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Terça-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,

dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 7,6.12-14)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 6Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem. 12Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas. 13Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. 14Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. - Palavra da salvação.

3) Reflexão


Discernimento e sabedoria no oferecer coisas de valor. Nas suas relações com os outros, Jesus adverte contra algumas atitudes perigosas. A primeira é não julgar (7,1-5): trata-se de uma verdadeira proibição, "não julgueis", uma ação que impede que qualquer desprezo ou condenação dos outros. O julgamento final cabe unicamente a Deus; os nossos parâmetros e critérios são relativos; são condicionados por nossa subjetividade. Toda condenação dos outros torna-se também auto-condenação, porque nos põe sob o julgamento de Deus e nos autoexclui do perdão. Se o teu olho está limpo, isto é, se ele está livre de todo o julgamento ao irmão, você pode se relacionar com ele de maneira sincera diante de Deus.
Vamos às palavras de Jesus que o texto oferece: "Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem " (7,6). À primeira vista, este "dito" de Jesus parece estranho à sensibilidade leitor hodierno. Pode apresentar-se como um verdadeiro enigma. Na realidade, é uma maneira de dizer de uma língua semítica que requer interpretação. No tempo de Jesus, como na cultura antiga, os cães não eram muito valorizados porque eram considerados meio selvagens e de rua (U. Luz). Passemos agora para o aspecto positivo e didático-sapiencial das palavras de Jesus: não profanar as coisas sagradas é, afinal, um convite para usar a prudência e discernimento. No AT as coisas sagradas são a carne para o sacrifício (Lv 22.14, Ex 29,33 ss; Nm 18,8-19). Também a proibição de lançar pérolas aos porcos é incompreensível. Para os hebreus, os porcos são animais impuros, como a quintessência do repugnância. Pelo contrário, as pérolas são as coisas mais preciosas que se pode ter. A advertência de Jesus se refere àquele que dá aos cães vadios a carne consagrada e destinada ao sacrifício. Tal comportamento é mau e muitas vezes imprudente, porque aos cães geralmente não se dava de comer e, movidos por sua fome insaciável, poderiam se voltar e atacar a seus "benfeitores".
A nível metafórico, as pérolas indicam os ensinamentos dos sábios e as interpretações da "Torah". No Evangelho de Mateus, a pérola é a imagem do reino de Deus (Mt 13,45 ss). A interpretação dada pelo evangelista para colocar este aviso de Jesus é essencialmente teológica. Seguramente a interpretação que nos parece mais de acordo com o texto é a leitura eclesial das palavras de Jesus: um advertência aos missionários cristãos para não pregar o evangelho a qualquer um (Gnilka).
O caminho a seguir. No final do discurso (7,13-27) Mateus coloca, entre outras questões, uma exortação conclusiva de Jesus, que convida a fazer uma escolha decisiva para entrar no reino dos céus: a porta estreita (7,13-14). A palavra de Jesus não é apenas algo que se deve entender e interpretar, mas acima de tudo tem que ser parte da vida. Agora, para entrar no reino dos céus é necessário seguir um caminho e entrar na plenitude da vida através de uma "porta". O tema do "caminho" é muito popular no AT (Dt 11,26-28; 30,15-20; Jr 21,8; Sl 1,6; Sl 118,29-30; Sl 138,4, Sb 5 ,6-7, etc). O caminho mostrado nas duas portas conduz diferentes metas. Um significado coerente das advertências de Jesus seria que a porta larga se junta ao caminho largo que conduz à perdição, ou seja, percorrer um caminho largo é sempre agradável, mas isso não é dito em nosso texto. Pelo contrário, parece que Mateus concorda com a concepção judaica de "caminho": seguindo Dt 30,19 e Jr 21,8  há dois caminhos que se contrapõe, o de morte e o da vida. Saber escolher entre as duas formas diferentes de vida é fundamental para entrar no reino dos céus. Aquele que escolhe o caminho estreito, o da vida, deve saber que ele está cheio de aflições; estreito quer dizer provado no sofrimento pela fé.

4) Para um confronto pessoal


1) Qual é o impacto das palavras de Jesus em seu coração? Você a escuta para viver sob o olhar do Pai, e para mudar pessoalmente e em suas relações com os irmãos?
2) A palavra de Jesus, ou melhor, ou Jesus mesmo é a porta que introduz na vida filial e fraterna. Você se deixa guiar atraído pelo caminho estreito e exigente do evangelho? Ou segue o caminho largo e fácil, que consiste em fazer o que se gosta ou o que leva a realizar seus próprios desejos, e ignora as necessidades dos outros?

5) Oração final

Dirige-me na senda dos teus mandamentos,
porque nela está minha alegria.
Inclina meu coração para teus testemunhos
e não para a avareza. (Sl 118,35-36)



Segunda-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Segunda-feira da 12ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Senhor, nosso Deus,

dai-nos por toda a vida
a graça de vos amar e temer,
pois nunca cessais de conduzir
os que formais no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 7,1-5)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1Não julgueis, e não sereis julgados. 2Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. 3Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? 4Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.

3) Reflexão  -  Mt 7,1-5
*  No evangelho de hoje continuamos a meditação sobre o Sermão da Montanha que se encontra nos capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. Nas duas semanas anteriores, vimos os capítulos 5 e 6. Nesta semana, veremos o capítulo 7. Estes três capítulos 5, 6 e 7 oferecem uma idéia de como era a catequese nas comunidades dos judeus convertidos na segunda metade do primeiro século lá na Galiléia e Síria. Mateus juntou e organizou as palavras de Jesus para ensinar como devia ser a nova maneira de viver a Lei de Deus.
*  Depois de ter explicado como restabelecer a justiça (Mt 5,17 a 6,18) e como restaurar a ordem da criação (Mt 6,19-34), Jesus ensina como deve ser a vida em comunidade (Mt 7,1-12). No fim, ele traz algumas recomendações e conselhos finais (Mt 7,13-27). Aqui segue um esquema de todo o sermão da Montanha:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5,20-48: A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: confiar na providência
Mateus 7,1-5: Nova convivência comunitária: não julgar
Mateus 7,6: Nova convivência comunitária: não desprezar a comunidade
Mateus 7,7-11: Nova convivência comunitária: confiança em Deus gera partilha
Mateus 7,12: Nova convivência comunitária: a Regra de Ouro
Mateus 7,13-14: Recomendações finais: escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: Recomendações finais: o profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Recomendações finais: não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Recomendações finais: construir a casa na rocha
A vivência comunitária do evangelho (Mt 7,1-12) é a pedra de toque. É onde se define a seriedade do compromisso. A nova proposta da vida em comunidade aborda vários aspectos: não reparar no cisco que está no olho do irmão (Mt 7,1-5), não jogar as pérolas aos porcos (Mt 7,6), não ter medo de pedir as coisas a Deus (Mt 7,7-11). Estes conselhos vão culminar na Regra de Ouro: fazer ao outro aquilo que você gostaria que o outro fizesse a você (Mt 7,12). O evangelho de hoje traz a primeira parte: Mateus 7,1-5.
Mateus 7,1-2: Não julguem, e vocês não serão julgados
A primeira condição para uma boa convivência comunitária é não julgar o irmão ou a irmã, ou seja, eliminar os preconceitos que impedem a convivência transparente. O que significa isto no concreto? O evangelho de João dá um exemplo de como Jesus vivia em comunidade com os discípulos. Jesus diz: “Eu não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). Jesus é um livro aberto os para os seus companheiros. Esta transparência nasce da sua total confiança nos irmãos e irmãs e tem a raiz na sua intimidade com o Pai que lhe dá a força para abrir-se totalmente aos outros. Quem assim convive com os irmãos e as irmãs, aceita o outro do jeito que o outro é, sem preconceitos, sem impor-lhe condições prévias, sem julgá-lo. Aceitação mútua sem fingimento e total transparência! Este é o ideal da nova vida comunitária, nascida da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai/Mãe e que, portanto, todos somos irmãos e irmãs uns dos outros. É um ideal tão difícil e tão bonito e atraente como aquele outro: ”Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48).
Mateus 7.3-5: Vê o cisco e não percebe a trave
Em seguida, Jesus dá um exemplo: Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho? Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: 'deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você mesmo tem uma trave no seu? Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o cisco do olho do seu irmão". Ao ouvir esta frase, costumamos pensar logo nos fariseus que desprezavam o povo como ignorante e se consideravam a si mesmos melhores que os outros (cf. Jo 7,49; 9,34). Na realidade, a frase de Jesus serve para todos nós. Por exemplo, hoje, muitos de nós católicos pensamos que somos melhores que os outros cristãos. Achamos até que os outros são menos fiéis ao evangelho do que nós católicos. Olhamos o cisco no olho dos nossos irmãos e não enxergamos a enorme trave de orgulho prepotente coletivo nos nossos olhos. Esta trave é a causa por que, hoje, muita gente tem dificuldade de crer na Boa Nova de Jesus.

4) Para um confronto pessoal
1) Não julgar o outro e eliminar os preconceitos: qual a experiência pessoal que eu tenho neste ponto?
2) Cisco e trave: qual a trave em mim que dificulta minha participação na vida em família e em comunidade?

5) Oração final

Dirige-me na senda dos teus mandamentos,
porque nela está minha alegria.
Inclina meu coração para teus testemunhos
e não para a avareza. (Sl 118,35-36)