REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Terça-feira da 8ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os
acontecimentos deste mundo
decorram na paz que
desejais,
e a vossa Igreja vos possa
servir,
alegre e tranquila.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10,28-31)
Naquele tempo, 28Começou
Pedro a dizer a Jesus: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." 29Respondeu-lhe Jesus.
"Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou
irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do
Evangelho 30que não
receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e
terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 31Muitos dos primeiros serão
os últimos, e dos últimos serão os primeiros."
3) Reflexão Mc
10,28-31
* No
evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que deve ocorrer no
relacionamento dos discípulos com os bens materiais: desapegar-se das coisas,
vender tudo, dar para os pobres e seguir Jesus. Ou seja, como Jesus, devem
viver na total gratuidade, entregando sua vida na mão de Deus e servindo aos
irmãos e irmãs (Mc 10,17-27). No evangelho de hoje Jesus explica melhor como
deve ser esta vida de gratuidade e de serviço dos que abandonam tudo por causa
dele, Jesus, e do Evangelho (Mc 10,28-31).
* Marcos 10,28-31: Cem vezes mais desde agora, mas com
perseguições
Pedro observa: "Eis que nós
deixamos tudo e te seguimos". É como se dissesse: “Fizemos o que o
senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica para nós como
deve ser esta nossa vida?” Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo
modo de viver no serviço
e na gratuidade. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa,
irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, vai
receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos,
irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai
receber a vida eterna”. O tipo de vida que
resulta da entrega de tudo é a amostra do Reino que Jesus quer realizar: (1)
Alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e
irmãs. (2) Provoca a partilha dos bens, pois todos terão cem vezes mais casas e
campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde
tudo é de todos e já não haverá mais necessitados. Eles realizam a lei de Deus
que pede “entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os
primeiros cristãos (At 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da
gratuidade. (3) Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem
promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terão tudo isto, mas com perseguições. Pois os que, neste
nosso mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e
pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus,
serão crucificados. (4) Serão perseguidos neste mundo, mas, no mundo futuro
terão a vida eterna de que falava o jovem rico.
Jesus
e a opção pelos pobres
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época
de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e
mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o
cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época.
Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e
uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na
religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus,
procuravam uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios,
fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia
algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres
e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam
separadas do povo impuro. Muitos dos
fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de
pecado (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com
as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas,
leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os
pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é
deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a
Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada
para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo
para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda
fazer opção pelos pobres! (Mc 10,21) A pobreza, que caracterizava a vida de
Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros
missionários (Mt 23,15), os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam
levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias
(Mt 10,9-10). Deviam confiar é na hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6). E caso fossem
acolhidos pelo povo, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que receberiam
em troca (Lc 10,7-8). Além disso, deviam tratar dos doentes e necessitados (Lc
10,9; Mt 10,8). Então podiam dizer ao povo: “O Reino chegou!” (Lc 10,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você, na
sua vida, realiza a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos”?
2) Partilha, gratuidade, serviço, acolhida aos
excluídos são sinais do Reino. Como as vivo hoje?
5) Oração final
Todos os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai ao Senhor, terra inteira
gritai e exultai cantando hinos. (Sl
97, 3-4)
SÓ assim seremos Cristãos!
ResponderExcluir