13 de fev. de 2009

7ª Semana do Tempo Comum - Terça-feira



REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA


(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Terça-feira da 7ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso,
que, procurando conhecer sempre o que é reto,
realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)

Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse. 31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte. 32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar. 33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho? 34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior. 35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos. 36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes: 37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.

3) Reflexão Mc 9,30-37
* O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades. 
* Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?
* Marcos 9,30-32: O anúncio da Cruz. 
Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância! 
* Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição
Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir! 
* Marcos 9,35-37: Servir, em vez de mandar. 
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus! 
* Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?
2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?

5) Oração final

Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração,
não vos furteis à minha súplica;
Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)

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